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The Girl With the Dragon Tattoo – Millenium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2011) de David Fincher

Ah! A temporada de Oscar nos cinemas é uma delícia para quem é fã da arte. Pelos meus últimos posts, vocês já devem ter reparado que eu estou me atualizando com os lançamentos para não ficar boiando durante a premiação, mas agora o negócio ficou sério mesmo.

Um filme de tema adulto, quando possui censura baixa (12 ou 14 anos), quase forçadamente para expandir o público de maneira comercial, me desanima profundamente. E o filme de hoje explica bem o porquê. Antes de criar confusões, deixe-me explicar que a recomendação de “Millenium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres” é para acima de 16 anos, mas, pelas fortes cenas contidas no decorrer do filme, poderia ser até mais. E por isso mesmo ele é tão bom.

Atualmente, David Fincher é um dos diretores que empolgam em qualquer lançamento, independentemente do título. Responsável por “Alien 3”,  “Seven”, “Clube da Luta”, “O Quarto do Pânico”, “Zodíaco” e “Rede Social”, ele talvez tenha decepcionado apenas com “O Curioso Caso de Benjamin Button”. É um, de cinco nomes no máximo, que me deixará com a expectativa lá em cima só pelo seu nome no cartaz.

E, aqui, a minha alta expectativa foi muito bem correspondida, quiçá até superada.

40 anos atrás, Harriet Vangar, uma jovem adolescente, desaparece misteriosamente em uma ilha na Suécia. Toda a sua família, proprietária e moradora da ilha, fica perplexa com o sumiço da jovem e a polícia local jamais solucionou o mistério. Agora, o tio da jovem desaparecida, Henrik Vangar (Christopher Plummer), resolve reviver o caso, contratando Mikael Blomkvist (Daniel Craig), um jornalista investigativo, para tentar descobrir novas pistas com o material colhido no decorrer dos anos.

Já que pessoas de fora raramente entravam na ilha, rapidamente todos os membros da família tornam-se suspeitos, mas Mikael só irá descobrir a verdade com ajuda de outra investigadora, a excêntrica Lisbeth Salander (Rooney Mara).

Como de costume nos filmes do diretor, a edição de Angus Wall é uma característica boa à parte, ditando o ritmo da trama. Acelerado quando deve ser, mas sem banalizar a história ou confundir o espectador, e potencializando as cenas de tensão – que são muitas.

A tensão é tanta que eu saí dolorido do cinema, com os músculos rígidos involuntariamente. Somando à tensão do suspense, presente da metade ao fim, existem as cenas de tortura. Muito bem feitas e muito aflitivas, que, no entanto, fazem você vibrar, pelo contexto.

A fotografia, mantendo sempre a iluminação baixa, deixa também o público sentir o forte frio sueco e ajuda bastante a perpetuar o constante suspense da produção.

“Millenium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres” é uma versão americana do filme sueco, adaptados do mesmo livro. No entanto, ao contrário de outras versões americanas de produções européias (ou asiáticas), os filmes andam de mãos dadas, com atores dos mesmos personagens dando dicas sobre atuações e etc.

Voltando ao assunto censura, o filme conta com cenas de tortura e estupro bastante fortes, mas necessárias para completar a sensação “dark” que a película deseja transmitir. Também conta com belas e realistas cenas de sexo protagonizadas pelos atores principais. Outra característica realista, interessante e rara nos dias de hoje, é o fato deles (os que mais se aproximam de “mocinhos” na história), serem fumantes.

Eu nunca fui grande fã do Daniel Craig, não gosto dele como James Bond e nunca achei nada demais em seus papéis. No entanto, ele está satisfatório aqui. Nada tão impressionante nem decepcionante, pois o foco das atuações mais incríveis ficam por parte de dois outros atores.

Rooney Mara está perfeita. Concorre (e tem a minha torcida) ao Oscar de melhor atriz este ano com toda a justiça. Fica difícil você ver a personagem e imaginar que ela não existe e é apenas uma atuação. Você sente que ela é real toda sua excentricidade, ímpeto, raiva e paixão demonstradas. Na verdade, durante as outras cenas, você fica esperando os momentos em que a mocinha “Badass” vai aparecer. Lisbeth Salander é, praticamente, o que dá graça ao filme. Uma curiosidade incrível: a atriz realmente fez todos os piercings de sua personagem.

Claro que eu exagerei. Também temos Stellan Skarsgard, no papel de Martin Vangar (irmão da desaparecida), que transmite muito bem as emoções revividas pela retomada das investigações na ilha de sua família.

Depois de todos os elogios, naturalmente, chega a hora de apontar certos defeitos – talvez pelo fato de ser uma adaptação, e da versão do filme não conseguir transmitir exatamente a riqueza de detalhes, que é sempre maior na versão literária. Alguns personagens ficam um pouco perdidos no filme, incluídos talvez pela mera lembrança do livro, mas que, na versão cinematográfica, pouco somam. E qual era a do gato?

Obviamente, tais simples problemas de adaptação nem sequer chegam perto de alvejar a imagem do filme, que é um excelente thriller de suspense e tensão de tirar o fôlego, literalmente.

Concluindo, se você não é tão sensível à horrorosa realidade humana e adora um suspense investigativo sobre “serial killer”, somado à ótimas atuações e um clima intenso, vá ver esse filme. No cinema, que é onde merece ser contemplado – e sentido.

“‘How come a 23 years old can be a ward of the state?’
‘I’m mentally incompetent and can’t manage daily life. ‘
‘Since when have they said that? ‘
‘Since I was twelve.’
‘Something happened when you were twelve?… I’m sorry, That’s none of my business.’
‘I tried to kill my father. I burned him alive. Got about 80 percent of him.’
‘ow… ‘
‘I’ll make some coffee.'”