The Mothman Prophecies – A Última Profecia (2002) de Mark Pellington

Voltando às origens do blog, o filme de hoje é um daqueles que eu realmente duvido que você já tenha visto, mesmo que ele não seja um filme cult de algum país sem tradição cinematográfica ou possua algum roteiro complexo e existencial. A Última Profecia é mais uma produção americana de suspense. Por um motivo ou outro, ele não ficou famoso nem mesmo com Richard Gere no papel principal. Talvez isso tenha ocorrido pela qualidade não muito alta da película, ou por ele ser muito perturbador, juntamente com os fatos reais em que o roteiro foi baseado – e nunca explicados.

Quando um filme é baseado em fatos reais, eu já fico mais tenso no sofá. E quando esses fatos são relatos de milhares de pessoas e considerados um fenômeno real mas nunca explicado, então…

John Klein (Richard Gere) é um respeitado jornalista do Washington Post. Ele possui uma linda esposa, Mary Klein (Debra Messing) e acabou de comprar uma linda e espaçosa casa. Mas, em um simples passeio de carro, Mary tem uma visão e perde o controle. Ela bate a cabeça no acidente, ele não sofre nenhum arranhão. Ao ser levada para o hospital, descobre que tem um raríssimo tumor. E ela pergunta para John: “Você não viu, né?”. Ela se referia ao “Mothman”, o Homem-Mariposa (em tradução literal).

Dois anos depois, John, ainda perturbado, estava viajando nos arredores de sua cidade quando seu carro, celular e relógio param no meio da estrada. Ele desce do carro e vai procurar ajuda, chegando a uma casa. Então ele descobre que está em Point Pleasant, a mais de 600 km de distância de sua cidade, percorridos em menos de 1h. Lá, ele conhece o perturbado Gordon Smallwood (Will Paton) e a policial Connie Parker (Laura Linney), e fica sabendo de inúmeros relatos de pessoas que também viram o “Mothman”. Mas, além de vê-lo, ouviram suas profecias de centenas de mortes. Todas vieram a acontecer em algum lugar do mundo.

O filme não tem uma produção louvável, mas em toda mudança de cena algum efeito visual lembrando o ser sobrenatural, ou algum flashback acontece, de forma perturbadora. O espectador não perde o clima de suspense. Enquanto a trama avança e o personagem principal se aprofunda nos relatos, o frio na espinha aumenta, pois você nunca esquece que é tudo baseado em “fatos reais”.

Não quero dar spoiler, mas a produção possui dois grandes clímax. O primeiro é mais forte que o segundo, e acho que isso prejudica o ritmo do filme. Mas não podemos desvalorizá-lo, pois a cena é tão tensa que os músculos do corpo chegam quase a doer. E o melhor de tudo? Sem mostrar nada. Eles não mostram nada claramente, deixando tudo no subconsciente do espectador.

No total, o “Mothman”, ou Indrid Cold, como preferir, aparece diante de nós 6 vezes. E nenhuma dessas vezes é de forma clara, mas apenas em frames muito rápidos e sutis. Essa desbanalização da criatura é uma arma do suspense que tem sido deixada de lado ultimamente, no qual os produtores de filmes tem preferência em escancarar todo o horror e cenas horripilantes de uma vez ao invés de ir preparando o terreno, vagarosamente, esperando o coração subir lentamente pelo peito em direção ao pescoço, chegando à boca e finalmente preparando-se para saltar fora do corpo, de tanta tensão.

Richard Gere não é o melhor ator de todos nem de longe, e sua atuação também não é grande coisa. No entanto, Will Paton é um excelente caipira perturbado do interior americano. Você nunca sabe quando ele está delirando ou falando a verdade, ou quando ele simplesmente irá sacar uma arma e atirar nas pessoas. Laura Linney dá um ótimo equilíbrio como policial, as cenas em que ela aparece colocam os nossos pés no chão, para não ficar sempre parecendo um enorme e interminável delírio do protagonista. Debra Messing não aparece tanto, mas não passa despercebida de forma nenhuma.

Resumindo tudo: o filme é um suspense perturbador, mas porque sua história tem um conteúdo real e inexplicável. Imagino que se não fosse assim, ele não seria grande coisa. Mas se você é fã de angústia e gosta de sentir calafrios, ficando interessado na história, inclusive a ponto de ir buscar mais detalhes na internet após a sessão de cinema, ele com certeza valerá a pena.

“The film is based on actual events that occurred between November 1966 and December 1967 in Point Pleasant, West Virginia.”

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